Sempre presentes em nossa vida e sempre aumentando, os custos são um desafio para qualquer atividade econômica no Brasil. No Setor Florestal não é diferente: são vários os custos e vários são os fatores que os afetam. A figura abaixo mostra alguns dos drivers que afetam os custos da atividade florestal, desde a implantação até a colheita e transporte.
Fonte: F2M do Brasil
O ambiente natural de uma propriedade afeta os custos de diferentes maneiras: se o terreno for muito ondulado, haverá despesas adicionais relacionadas a maquinário ou mão-de-obra, já que o produtor investirá em equipamentos especialmente projetados para esse tipo de topografia ou escolherá por operação manual (acarretando em custos com mão de obra). Neste tipo de terreno, o produtor também tem que tomar precauções em relação às estradas internas, a fim de evitar a degradação do solo e a sedimentação de rios e córregos, e permitir o transporte adequado de toras.
Outro fator natural que afeta os plantios florestais é o clima. Na estação chuvosa, a colheita deve ser atrasada, uma vez que as condições da estrada não suportam o transporte de toras. Algumas empresas consumidoras de madeira precisam planejar seu estoque de madeira para que não haja escassez de matéria-prima durante os períodos de chuva. É nesse período do ano que os preços das toras sobem em algumas regiões mais afetadas por esse período de chuvas.
O salário mínimo e o preço do diesel continuam a aumentar ano a ano e, às vezes, o produtor não consegue repassar esse aumento no preço das toras. Esse é um dos motivos pelos quais melhorias na cadeia produtiva devem ser identificadas e implementadas. Um exemplo disso inclui a união das atividades de subsolagem e fertilização em uma única etapa com uma única máquina, reduzindo o consumo de diesel e as horas-homem.
A taxa de câmbio é sempre um fator que afeta os custos operacionais de um negócio florestal, uma vez que uma variedade de matérias-primas (como fertilizantes) é importada. Quando o Dólar aumenta e, consequentemente, os preços dos fertilizantes sobem, os produtores florestais buscam reduzir a quantidade de fertilizante usada ou a frequência de sua aplicação. O uso de adjuvantes é muito comum neste caso, pois permite reduzir a quantidade de fertilizantes sem afetar negativamente o desenvolvimento do plantio.
A taxa de câmbio também afeta o preço final do produto quando o destino é o mercado externo. Durante a crise interna do Brasil (2014 - 2016), o valor do USD aumentou, tornando as exportações ainda mais atraentes para as empresas de produtos de madeira, uma vez que o consumo desses produtos no mercado interno havia diminuído nesse período. Atualmente, a taxa de câmbio parece estável em um intervalo entre 3,3 e 3,4 reais por dólar, e os analistas econômicos estão prevendo que a estabilidade deve permanecer pelo menos até as eleições no final deste ano.
A infraestrutura rodoviária é possivelmente o maior desafio para as empresas de produtos de madeira no Brasil. Muitas estradas no país estão em más condições, o que afeta o tempo de transporte e a manutenção da frota. Grande parte das rodovias principais estão em boas condições, porém as estradas municipais precisam de investimento e melhoria. A Forest2Market do Brasil, durante suas atividades de campo, já percebeu que algumas empresas florestais arcam com o ônus e fazem a manutenção de estradas municipais - de responsabilidade do governo - pois caso contrário o escoamento de sua produção torna-se difícil ou é até impedido.
Sabe-se que existem muitos outros fatores microeconômicos além dos macroeconômicos que afetam as atividades florestais, mas, apesar dos altos custos enfrentados pelas empresas brasileiras, em termos globais o Brasil continua sendo o país de menor custo em produtos florestais. Por isso o país tem atraído os olhos de empresas estrangeiras, a exemplo da aquisição da brasileira Eldorado em 2017 pela empresa asiática Asia Pulp and Paper (APP), por meio de sua subsidiária, Paper Excellence. E mais aquisições ocorrerão, ainda este ano.