Ao observar a evolução histórica da exportação de alguns dos principais segmentos do setor florestal, percebemos que as tendências para todos eles, em maior ou menor grau, são de crescimento, tanto em valor quanto em volume.
Esse é o segundo artigo de uma série que a Forest2Market do Brasil desenvolverá nas próximas semanas sobre as exportações do setor florestal brasileiro. Cada artigo tem como tema um segmento específico desse setor. O primeiro artigo abordou o segmento de celulose e este segundo artigo focará nas exportações de compensado.
Análise Histórica
A partir de 2011, período pós crise internacional, o segmento de compensado apresentou um crescimento de 68% (9% a.a.) em valor e 123% (14% ao ano) em volume, fechando 2017 com US$ 621 milhões em exportações, o mesmo patamar encontrado antes da crise (figura 1).
Figura 1. Evolução histórica das exportações brasileiras de celulose
Fonte: Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), adaptado por Forest2Market do Brasil
Conforme visto acima, as exportações estão crescendo. Entretanto, o ritmo de crescimento do faturamento não acompanha o mesmo ritmo de crescimento do volume. Isto porque os custos de produção do compensado subiram neste período, reduzindo a margem dos produtores. Além disso, há oferta de compensado no mercado externo, o que reduz os preços internacionais do produto.
Principais estados exportadores
São dois os principais estados exportadores de compensado: Paraná e Santa Catarina (Figura 2).
Esses estados ganham destaque por abrigarem um grande número de fábricas de compensado, as quais em sua maioria utilizam toras de pinus como matéria-prima. Vale lembrar que esses estados também são os principais em termos de área plantada com pinus no país.
Figura 2. Principais estados exportadores de compensado em 2017 (ton)Fonte: Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), adaptado por Forest2Market do Brasil
Destinos
O principal destino do compensado brasileiro em 2017 foram os Estados Unidos, que importou mais de 331 milhões de toneladas deste produto.
Diferente da realidade do Brasil, o compensado é um produto muito utilizado pelos Estados Unidos no setor de construção civil, uma vez que a madeira é matéria-prima importante para a construção de residências no país.
Figura 3. Principais destinos do compensado brasileiro em 2017 (em volume)
Fonte: SECEX
Quais são os drivers do crescimento das exportações de compensado?
São várias as razões que explicam o significativo aumento recente nas exportações do compensado brasileiro. Entre elas, se destacam:
- Aumento da demanda no mercado externo, oriunda da demanda norte-americana e europeia, diretamente ligada à indústria de construção civil;
- Câmbio favorável;
- Políticas norte-americanas: A decisões do presidente Donald Trump acabaram indiretamente influenciando a demanda por compensados do Brasil. Entre essas decisões está a imposição de tarifas ao compensado chinês e à madeira serrada canadense.
Perspectivas
A expectativa da indústria de compensados é de que que o mercado global de compensado continue crescente, na onda da recuperação econômica e consequente crescimento do setor de construção civil em países como os Estados Unidos e do bom momento econômico vivido por diversos países europeus. Assim, do lado da demanda, o cenário para o resto de 2018 e 2019 é favorável.
Segundo a opinião de economistas a taxa de câmbio devem permanecer em um patamar alto (acima de 3,8), favorecendo as exportações. Porém, como estamos em ano eleitoral, é necessário manter certa dose de cautela e acompanhar de perto o efeito dos dois turnos de nossa eleição na flutuação da taxa de câmbio.
O preço da matéria-prima (toras de pinus) deverá continuar a subir, conforme a tendência que a Forest2Market do Brasil tem apresentado. Os produtores de compensado devem monitorar esse crescimento para poder identificar o momento correto de ajustar o preço do produto final, controlando assim a margem de lucro.